Reino Unido divulga planos de imigração pós-Brexit.

Os cidadãos da UE serão tratados de forma semelhante aos cidadãos de fora da UE, no pós-Brexit britânico. A primeira-ministra britânica, Theresa May, revelou na terça-feira os planos de imigração do seu governo, que deverão ser implementados até 2021.

Por meio de um post no Twitter, a PM May anunciou que será introduzido um sistema de imigração baseado em habilidades, que encerrará a livre circulação.

"Estamos introduzindo um novo sistema de imigração baseado em habilidades que acaba com a livre circulação. Então, pela primeira vez em décadas, este país controlará e escolherá quem queremos vir aqui. Um sistema que busca por todo o mundo e atrai pessoas com as habilidades de que precisamos ”, ela escreveu.

Além disso, um manifesto-chave do Partido Conservador, no poder, afirma que o novo sistema baseado em habilidades garantirá a redução da imigração pouco qualificada.

Um Livro Branco com informações mais detalhadas sobre a nova política proposta será publicado nas próximas semanas.

Pontos-chave da proposta

A ideia principal por trás da proposta sobre o sistema de imigração pós-Brexit é que as qualificações, e não a nacionalidade, determinarão quem irá trabalhar no Reino Unido. No entanto, os restantes pontos-chave deste sistema são os seguintes:

• Candidatos bem-sucedidos a empregos altamente qualificados só poderão levar suas famílias com eles se futuros empregadores os patrocinarem.
• Passaportes de turistas de curta duração e pessoas de países de baixo risco serão escaneados nos portões eletrônicos.
• As verificações de segurança e antecedentes criminais serão feitas antes das visitas, como as do Sistema ESTA.
• Os trabalhadores que desejam ficar por mais tempo terão que obter um salário mínimo que garanta que não concorrerão com os trabalhadores do Reino Unido.
• Não haverá limite para vistos de estudante, mas estudantes estrangeiros terão que pagar mais do que estudantes britânicos.

Reações aos planos de imigração do governo

Muitos criticaram os planos de imigração propostos na terça-feira, entre os quais o Diretor-Geral das Câmaras de Comércio Britânicas, Dr. Adam Marshall. Marshall acredita que embora as empresas apreciem a promessa de uma entrada mais rápida no país para muitas empresas, visitantes e turistas de curto prazo, a forma como o Reino Unido planeia regulamentar estrangeiros que trabalham no Reino Unido pode danificar essas empresas.

“Os ministros devem reconhecer que as empresas em todos os cantos do Reino Unido enfrentam graves lacunas de competências a todos os níveis e devem ser capazes de recrutar pessoas excelentes, tanto aqui no país como no estrangeiro. Política de imigração não se trata apenas dos “melhores e mais brilhantes”, mas também do acesso direto às competências necessárias para ajudar a nossa economia a crescer. O teste às novas regras de imigração do governo será saber se permitem às empresas aceder a competências e talentos de forma rápida e fácil, quando as empresas puderem demonstrar que não foram capazes de contratar ou formar as pessoas de que necessitam aqui no Reino Unido”, afirma.

Segundo Marshall, controlar a imigração é uma coisa, enquanto dar “às pessoas que precisamos a sensação de que o Reino Unido está fechado para negócios" é outra.

Ao mesmo tempo, a organização britânica Hospitality Trade tem sido mais severa em sua reação à política pós-Brexit proposta, chamando-a de "ilógica. "

“Um sistema baseado apenas em altas habilidades e altos salários não funcionará para hospitalidade onde temos escassez de mão-de-obra. O setor emprega mais de três milhões de pessoas, muitas das quais são trabalhadores migrantes, mas sob a nova política 90% dessas funções não poderiam ser preenchidas com as mudanças planejadas ”, afirma Kate Nicholls, diretora executiva da Hospitality britânica.

UE diz ao Reino Unido que seus nacionais sofreriam com imigração baseada em habilidades

No fim de semana passado, o negociador do Parlamento Europeu sobre o Brexit, Guy Verhofstadt, alertou o secretário do Interior do Reino Unido, Sajid Javid que qualquer medida tomada pelo Reino Unido no sentido de discriminar os cidadãos da UE no Reino Unido com base na nacionalidade ou no emprego seria um tiro pela culatra.

Segundo Verhofstadt, essas decisões levariam a UE a aplicar essas medidas "reciprocamente aos cidadãos do Reino Unido que se mudarem para a UE 26."

“Deveríamos estar derrubando muros, não construindo-os. Melhorar direitos, liberdades e oportunidades para nossos jovens, em vez de limitá-los. Uma política de imigração pós-Brexit para cidadãos da UE discriminatória seria correspondida e todos perderíamos ”, escreveu Verhofstadt no Twitter.